Nº edição: 685 | Negócios | 19.NOV - 21:00 | Atualizado em 20.11 - 10:44
O leite derramado do BNDES
O banco comandado por Luciano Coutinho prepara mais um resgate no setor de laticínios. Agora, deve colocar dinheiro na fusão da Monticiano, da GP, com a gaúcha Bom Gosto
Por Redação da DINHEIRO
O BNDES, ao longo dos últimos anos, ajudou no processo de consolidação e de criação de grandes empresas nacionais. Investiu dinheiro na formação da Brasil Foods, fusão da Sadia com a Perdigão, e ajudou a criar a supertele brasileira Oi, união da Telemar e Brasil Telecom, que está prestes a ter a portuguesa Portugal Telecom como maior sócia individual.
Não foi diferente no setor lácteo. Depois de capitalizar empresas como Nilza e Bom Gosto, que canibalizaram o mercado com a venda de leite barato (e colocaram em crise companhias como Parmalat e LeitBom), o banco comandado por Luciano Coutinho está preparando um novo resgate.
Luciano Coutinho: depois de capitalizar Nilza e Bom Gosto, o
BNDES deve fazer mais uma operação de socorro no setor de laticínios
BNDES deve fazer mais uma operação de socorro no setor de laticínios
De acordo com informações do mercado, estão avançadas as negociações entre a GP Investimentos e o laticínio Bom Gosto, que criará uma empresa com capacidade de captação de dois bilhões de litros de leite por ano.
Dentro do acordo, a Monticiano, dona da marca LeitBom e que pertence à GP, ficaria com 40% da nova empresa. O BNDESPar – que tem 34,6% da Bom Gosto – conseguiria manter 35%, mas teria que fazer um novo aporte estimado em até R$ 600 milhões. A Bom Gosto e a Nilza seriam donas de 25% da companhia.
A nova empresa será comandada pela GP e a principal marca será a Parmalat. “É preciso tomar muito cuidado com essas questões porque acaba sobrando para o produtor”, afirma Jorge Rubez, presidente da LeiteBrasil, associação que representa os produtores de leite. “Se for para sanar os problemas, parabéns. Mas, se for para pegar dinheiro do BNDES e falir daqui a pouco, não dá.”
Esse é mais um capítulo do processo de consolidação do setor lácteo brasileiro. Em março deste ano, a GP Investimentos fechou acordo com a Laep Investments, do empresário Marcus Elias, que detinha a marca Parmalat.
A união agora com a Bom Gosto faria surgir uma empresa capaz de ameaçar a liderança da Nestlé, que tem como principal marca a Ninho, no mercado brasileiro.
A gaúcha Bom Gosto conseguiu crescer nos últimos anos com o apoio do BNDES. Uma das táticas usadas pela companhia foram as aquisições. Nos últimos três anos, comprou sete companhias.
Mas essa estratégia agressiva, que fez o faturamento crescer, elevou também o endividamento da empresa, que chegou a R$ 347 milhões em 2009, um aumento de 133%.
http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/41594_O+LEITE+DERRAMADO+DO+BNDES
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