quarta-feira, 13 de outubro de 2010

MILK11 - LAEP / PARMALAT


O bom gosto do lucro


De produtor a empresário, Wilson Zanatta fez das dificuldades do setor leiteiro um incentivo para construir seu império e crescer mais do que todos os concorrentes. Seu próximo alvo? A Parmalat


Por Juliana Ribeiro, de Tapejara (RS)


Há 17 anos, na cidade de Tapejara (RS), nascia uma pequena fábrica de laticínios, comandada por Wilson Zanatta, um jovem apaixonado pelo campo. Proibido pelos médicos de trabalhar sob o sol na propriedade da família que tinha uma pequena produção de leite, ele buscou outra atividade. Foi estudar medicina veterinária e logo depois viu a possibilidade de investir em um pequeno laticínio, que ele batizou de Bom Gosto. O que ele não imaginava era que os novos rumos que se viu obrigado a tomar o tornariam um dos maiores empresários do setor lácteo do País.

Hoje, a empresa produz quatro milhões de litros de leite por dia, com faturamento que chegou a R$ 1,5 bilhão em 2009. Esses números fazem da Laticínios Bom Gosto a maior processadora de leite longa vida do País e a terceira maior em volume de captação de leite, com 1,2 bilhão de litros por ano, ficando atrás apenas da Nestlé (2,05 bilhão) e da Brasil Foods (1,6 bilhão). “Começamos em um galpãozinho, eu, minha esposa e quatro funcionários”, lembra. Atualmente, são 3.500 colaboradores, 32 mil produtores integrados, 12 linhas de produtos e 22 unidades industriais no Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, em Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Mato Grosso do Sul. “Queremos chegar a dois bilhões de litros de leite até o final do ano”, calcula o empresário, que investiu US$ 30 milhões na construção de uma unidade no Uruguai, que deve ficar pronta até o final do ano e processará um milhão de litros de leite por dia. Embora ele não confirme, fontes do mercado apostam que ele poderá adquirir a Parmalat no Brasil.

O mais impressionante nessa trajetória é o crescimento vertiginoso que a empresa alcançou. De 2000 até 2008, a captação de leite passou dos 19 milhões de litros ao ano para 647 milhões, aumento superior a 3.000%, enquanto o faturamento saltou dos R$ 5 milhões para R$ 776 milhões, antes da fusão com o Grupo Líder Alimentos, que aconteceu em novembro do mesmo ano. O segredo? “Não tem receita, é trabalhar muito, valorizar seus parceiros, conhecer o setor e se preparar para os desafios”, conta Zanatta. Enquanto acompanha a acelerada expansão da empresa, seus concorrentes seguem de “cabelos em pé” diante do avanço do grupo que aproveitou a crise das rivais para ir às compras. Adquiriu a fábrica da Nestlé em Barra Mansa (RJ) por R$ 34 milhões, as operações da Laticínios Cedrense em Santa Catarina por R$ 64 milhões e a unidade industrial da Parmalat em Garanhuns (PE) por R$ 31 milhões. “Foi nossa estreia no Nordeste, um mercado cheio de potencial”, explica ele, que considera a unidade importantíssima não só do ponto de vista logístico, mas também para completar a participação da companhia no País. “Somos os únicos a ter unidades em quatro regiões do Brasil”, comemora.


http://www.terra.com.br/revistadinheirorural/edicoes/71/artigo186447-1.htm

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