terça-feira, 22 de junho de 2010

MILK11 - LAEP / PARMALAT

21/06/10 - 00:00 > AGRONEGÓCIOS

Demanda da China faz JBS apostar no setor de lácteos
Alécia Pontes
SÃO PAULO - A JBS-Friboi aposta no mercado internacional de lácteos. De acordo com Marcus Pratini de Moraes, membro do conselho JBS e presidente do Comitê de Estratégia Empresarial e Sustentabilidade, o aumento no consumo de leite na China deve garantir um futuro promissor para a pecuária leiteira do País. "Leite e derivados são a bola da vez nos próximos dez anos. Os chineses estão começando a tomar leite e a produção local não acompanha. Eles [China] vão precisar importar leite em pó", diz Pratini de Moraes.

Para Rodrigo Alvim, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a demanda chinesa deve aumentar, além dos cerca de 15 bilhões de litros do produto consumidos por ano, mais 42 bilhões de litros. "O Pratini está correto: podemos atender os chineses", diz Alvim.

Segundo o executivo da CNA, o Brasil possui 21,5 milhões de vacas produzindo leite. "O setor só precisa melhorar a administração, a alimentação e o manejo desses animais para aumentar a produtividade", afirma. Atualmente, segundo Alvim, a China possui 300 milhões de habitantes que consomem 50 litros de leite por ano per capita, e 1 bilhão que consomem anualmente apenas oitos litros per capita. "Se esse bilhão passar a consumir 50 litros anuais, volume abaixo do recomendado, será um aumento de 42 bilhões na demanda", diz.

O executivo da CNA disse que o governo chinês investe atualmente em campanha para aumentar o consumo local de leite.

De acordo com dados da Scot Consultoria, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recomenda um consumo per capita de 220 litros do produto por ano. Segundo Rafael Ribeiro de Lima Filho, analista da Scot, o brasileiro consome anualmente, em média, 145 litros de leite. Enquanto os norte-americanos 267 litros de leite por ano. A União Europeia (UE) e os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais de leite. Estatística da Milk Point prevê, em 2010, uma produção na União Europeia de 134 milhões de toneladas de leite. Já a produção norte-americana deve ficar em 85,2 milhões de toneladas. O Brasil, de acordo com estimativa do Mapa, deve produzir 32,12 bilhões de litros do produto.

Pratini de Moraes ainda acrescentou que as exportações de ovo em pó e líquido também serão grandes opções de negócios para os próximos anos. "O futuro está no açúcar, etanol, óleo vegetal, carne, leite e derivados", afirma.

Para Filho, o avanço no consumo de leite e derivados vai além do mercado chinês. De acordo com o analista, todos os países emergentes devem contribuir para o aumento da demanda mundial de lácteos. "A Ásia e o Oriente Médio também já estão crescendo no consumo do produto", afirma.

Levantamento da Scot aponta ainda que a União Europeia e a Oceania respondem por 75% do mercado internacional de leite. "Já o Brasil representa apenas 3%", afirma Filho.

Com o aumento do poder aquisitivo, a tendência, segundo o analista, é de que o consumo de iogurte, queijos e leite UHT ganhe proporção significativa no comércio internacional.

Estudo da CNA mostra que nos três anos precedentes à crise, o consumo de leite avançava cerca de 4% ao ano, enquanto a produção aumentava em média 2,5%. "O déficit fez com que os estoques dos Estados Unidos e da UE acabassem e os preços do leite em pó estourassem", diz. O setor estima para este ano alta de 5%.

Em 2009, ainda de acordo com a CNA, a tonelada do leite em pó chegou a ser cotada a US$ 1,7 mil. Em 2007, a tonelada do produto atingiu US$ 5,7 mil. "Os preços estão retomando. Hoje a tonelada do leite em pó custa aproximadamente US$ 4 mil", diz o Alvim, acrescentando que para ocorrer aumento na produção nacional também será necessário motivação ao produtor. "Se o mercado sinaliza que os preços vão melhorar, a produção aumenta por consequência", acrescenta.

Para Alvim, a organização do setor pautada pela valorização das cooperativas também pode acarretar aumento de produtividade. "Como ocorre na Nova Zelândia, maior exportadora mundial do produto. Lá, 95% do leite produzido está em cooperativas. Os neozelandeses exportam 95% do capital e destinam para o mercado interno 35% da produção", afirma o executivo.

http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=7&id_noticia=331400&editoria=

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